A cidade de Barcelona vive uma segunda noite de protestos nesta quarta-feira (17), após prisão de um rapper condenado por produzir letras contra a monarquia espanhola. A cena se repetiu em outras cidades da Espanha.

Os Mossos d'Esquadra, a polícia regional da Catalunha, alertam para confrontos na região central de Barcelona, com manifestantes arremessando pedras contra os agentes da tropa de choque. Há pontos de incêndio.

Em Madri, uma concentração na Praça do Sol, em frente a prefeitura da cidade, foi dispersada pela polícia da capital espanhola, o que gerou um princípio de confusão.

Também foram registrados atos nas cidades de Girona e Tarragona, ambas a cerca de 100km de distância da capital catalã. Na primeira, houve enfrentamento entre manifestantes e a polícia. Em Tarragona, uma das entradas da cidade foi bloqueada.

Pablo Hásel foi condenado em 2018 e deveria ter se apresentado à polícia na semana passada. O caso levantou uma polêmica sobre a liberdade de expressão no país.

Hásel foi condenado por letras e tuítes que incluíam referências ao grupo paramilitar separatista ETA, comparava juízes a nazistas e chamava Juan Carlos da Espanha, o rei emérito, de líder de uma máfia.

Na terça, os Mossos entraram em confronto com manifestantes na região central de Barcelona. Algumas pessoas puseram fogo em lixeiras plásticas e interditaram vias.

Houve relatos de vandalismos e tentativas de saques nas redes sociais. A fachada da loja da Louis Vitton na Passeig de Gràcia – importante rua de comércio e turismo – teria sido atacada. 

Pablo Hasel

O rapper foi preso nesta terça dentro da Universidade de Lérida, a 150 km de Barcelona, onde montou barricada com um grupo de apoiadores.
"A vitória será nossa. Sem esquecimento nem perdão", disse ele ao ser preso. Horas antes, ele publicou em uma rede social as letras de músicas e textos que resultaram em sua condenação.

Mais de 200 artistas assinaram um documento contra a prisão do rapper, entre eles o diretor de cinema Pedro Almodóvar, o ator Javier Bardem e o cantor Joan Manuel Serrat.

O governo espanhol afirmou, na semana passada, que vai mudar a lei de 2015 que criminaliza a glorificação de grupos armados como o ETA e insultos à monarquia e às religiões.

Com a reforma, as penas serão mais leves, e só haverá ação legal se houver risco à ordem pública ou provocar condutas violentas.

O ETA foi dissolvido em 2018, depois de quatro décadas de campanhas violentas pela independência do País Basco, uma região no norte da Espanha.