O corte de Christopher Nkunku, com uma entorse sofrida logo nos primeiros dias de treinos da seleção da França, foi o mais novo baque de uma equipe que coleciona problemas nos últimos meses.

Paul Pogba foi o primeiro grande motivo de preocupação do técnico Didier Deschamps, por causa de uma contusão no joelho que o levou à sala de cirurgia logo no início da temporada. O anúncio no fim de outubro de que ele estava fora da Copa somente confirmou o que muitos já esperavam.

Mas nesse momento Pogba estava longe de ser o único problema de Deschamps, que já havia perdido outro titular da campanha vitóriosa da Copa de 2018: o volante Ngolo Kanté, que operou a coxa no meio de outubro.

Uma lesão na panturrilha impediu a convocação do goleiro Mike Maignan, em grande fase no Milan, que poderia fazer sombra ao titular Hugo Lloris.

Os problemas não pararam nem mesmo após o anúncio dos convocados. O zagueiro Presnel Kimpembe foi o primeiro cortado, segunda-feira, por causa de uma lesão no tendão de Aquiles.

Já são três campeões mundiais de 2018 fora (Kimpembe, Pogba e Kanté), um meia-atacante promissor (Nkunku) e um bom goleiro que poderia ser titular (Maignan). Além disso, o astro Karim Benzema chega à Copa vindo de um estiramento que o tirou das duas últimas partidas pelo Real Madrid.

Não deve ser difícil imaginar o que está passando na cabeça dos torcedores franceses (dos jogadores e da comissão técnica também, quem sabe): será que a vencedora da Copa da Rússia está vivendo a maldição dos campeões mundiais?

Das cinco Copas do Mundo realizadas neste século, quatro viram o então campeão mundial ser eliminado na primeira fase. A "maldição" começou com a própria França, em 2002; o Brasil escapou desse destino em 2006, quando caiu nas quartas de final; Itália em 2010, Espanha em 2014 e Alemanha em 2018 deram sequência à sina.


Benzema durante treino da França em Clairefontaine-en-Yvelines — Foto: Reuters


A seleção francesa está no Grupo D e estreia na Copa do Catar no dia 22 de novembro, contra a Austrália. Depois, jogará contra Dinamarca, dia 26, e Tunísia, dia 30.

A França, é verdade, ainda tem talentos de sobra para jogar a maldição para escanteio, como Mbappé, Griezmann e os jovens Dembélé, Camavinga e Tchouaméni. E conta com o atual Bola de Ouro, Benzema.

Mas... até com a boa fase de Benzema a França precisa se preocupar. Pode ser que os Bleus passem da primeira fase, só que aí a equipe de Didier Deschamps terá que encarar outra maldição: jamais um jogador que chegou à Copa como dono da Bola de Ouro da France Football conquistou o título mundial. Eusébio em 66, Cruyff em 74, Platini em 86, Van Basten em 90, Baggio em 94, Ronaldo em 98, Ronaldinho Gaúcho em 2006, Messi em 2010, Cristiano Ronaldo em 14 e 18, não faltam exemplos consagrados para assombrar uma já assustada França nos gramados do Catar.