Em março deste ano, até meados de maio, a Índia e o Paquistão passaram por ondas de calor sem precedentes com temperaturas perto dos 50ºC. Ao analisar os dados, um estudo apontou que as mudanças climáticas aumentaram em 30 vezes a chance de eventos extremos do tipo.

Além disso, a pesquisa, divulgada na segunda-feira (23), demonstrou que, caso a temperatura média global aumente em 2ºC, ondas de calor de mesma magnitude podem ocorrer a cada 5 anos.

Na Índia, março de 2022 foi o mais quente em 122 anos; no Paquistão, o mais quente da história. As temperaturas extremas afetaram o abastecimento global de trigo, causaram cortes de energia nas fábricas e 1,4 bilhão de pessoas passaram por uma diminuição no abastecimento de água.

"Milhares de pessoas nesta região, que, para começar, contribuíram muito pouco para o aquecimento global, estão agora suportando o peso do mesmo e continuarão a fazê-lo se as emissões não forem significativamente reduzidas globalmente", afirmou Arpita Mondal, uma das autoras do estudo e professora do Instituto Indiano de Tecnologia de Bombaim (IIT).

Sobre o estudo

O ensaio foi conduzido por 29 pesquisadores da World Weather Attribution, rede internacional de cientistas climáticos dedicados a quantificar o impacto da mudança do clima sobre eventos extremos. Assinaram autores da Índia, Paquistão, Países Baixos, França, Suíça, Nova Zelândia, Dinamarca, Estados Unidos e Reino Unido.

Para quantificar o efeito das mudanças climáticas sobre as altas temperaturas nos dois países, os pesquisadores analisaram dados meteorológicos e simulações computadorizadas para comparar o clima atualmente, após cerca de 1,2°C de aquecimento global desde o final do século XIX, com o clima do passado.

A análise focalizou as temperaturas médias máximas diárias durante março e abril, no noroeste da Índia e sudeste do Paquistão, regiões mais afetadas durante os eventos deste ano.

"Em grande parte dos dois países, as pessoas tiveram pouco alívio durante semanas a fio, com os custos particularmente altos para centenas de milhões de trabalhadores ao ar livre", disse Krishna AchutaRao, um dos autores da pesquisa e professor do Instituto Indiano de Tecnologia (IIT) de Deli.

"Sabemos que isto vai acontecer com mais frequência à medida que as temperaturas aumentam e precisamos estar mais bem preparados para isso."