Galinhas e galos que vivem soltos, em contato com os visitantes, são parte da identidade do Parque da Água Branca, na Zona Oeste de São Paulo. Mas a notícia da doação de 600 aves gerou dúvidas e indignação de frequentadores sobre o processo de concessão do local à iniciativa privada.

A discussão começou nas redes sociais, quando uma conselheira do parque escreveu sobre a doação das aves que serão removidas. A partir da polêmica, a comunidade começou a se envolver no processo de concessão, que prevê contrato de 30 anos, e será realizado junto com outros dois parques: o Cândido Portinari e o Villa Lobos.

Alguns moradores da região afirmam que o projeto não contempla as características específicas de cada espaço.

O Parque da Água Branca tem, além dos animais soltos, uma área de preservação permanente, com nascentes. Além de construções tombadas pelo Patrimônio Histórico.

O projeto é baseado no plano diretor do parque, publicado em abril deste ano. Mas, segundo os frequentadores, a elaboração desse plano diretor também não foi devidamente discutida.

"A concessão em si não é o problema. Nós acreditamos que a concessão tem coisas boas. O problema é a forma, a rapidez, a falta de participação da sociedade civil nas propostas", afirma a advogada Débora Giannico.

Em nota, o governo do estado disse que todo o processo foi feito de forma legal. Inclusive, com audiência e consulta pública.

Sobre a doação de galos e galinhas, o governo diz que, durante a pandemia, a população das aves passou de 600 para cerca de 1,2 mil. Por isso, estão doando 600 animais.

"O processo de concessão dos parques segue estritamente a legislação. O edital para a concessão foi colocado em consulta pública no início de setembro deste ano e que está disponível até 20 de outubro. Até aqui, seis reuniões foram realizadas com os conselhos dos respectivos parques", disse a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente em nota.