"É melhor vacinar nossa filha na pandemia ou ficar em casa e esperar pela vacina da covid-19?".
Essa pergunta tirou o sono da administradora Aline Soares Alves, 28, durante todo o ano passado. Depois de muita conversa com o marido e pediatras, ela decidiu que o melhor era não tirar de casa a pequena Lívia, hoje com 1 ano e três meses.
"De um dia para o outro, eu perdi pessoas da minha família para o coronavírus. Eu me pergunto: o que é pior?", conta Aline, que, depois de "pesquisar muito", decidiu cuidar da filha em casa com o marido, ambos trabalhando em home office.
Assim como Aline, muitos pais e mães tiveram receio de vacinar seus filhos em 2020 e pelos mesmos motivos, afirma a pediatra Flávia Bravo, presidente da Sbim (Sociedade Brasileira de Imunizações) Regional do Rio de Janeiro.
O índice de vacinação de crianças no Brasil, que já vinha registrando queda nos últimos anos, despencou em 2020, durante a pandemia, confirmou o Ministério da Saúde.
Embora a meta anual brasileira seja vacinar 95% das crianças com até um ano de vida, esse índice não passou de 72% entre janeiro e dezembro do ano passado, ou 19,3% abaixo da meta.
Em 2015, a média de cobertura das nove principais vacinas indicadas a essa faixa de idade atingiu a taxa de 97%. Nos anos seguintes, esse percentual começou a cair. Ficou em 88%, em 2016, e 87% em 2017. Em 2018, subiu para 90%, mas em 2019 a média não passou de 83%.