Os R$ 15,6 milhões gastos com leite condensado pelo Palácio do Planalto em 2020 protagonizaram o noticiário tanto quanto a crise sanitária no Amazonas, que apresentou aceleração de 157% na média de mortes por covid-19 nos últimos sete dias. O caos sanitário continua no estado em meio à falta de oxigênio, a transferência de pacientes para outros estados e a reabertura de um hospital de campanha.
A lista de compras do governo atraiu a atenção pelos milhões direcionados à compra de leite condensado, iguaria consumida pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O valor despendido equivale a cerca de 7,8 mil cilindros de oxigênio de 50 litros (padrão industrial), avaliados entre R$ 1,8 mil e R$ 2 mil a unidade.
Some-se a isso uma decisão judicial que suspendeu a entrega de mais de 132 mil doses da vacinas da AstraZeneca no Amazonas enquanto a lista de vacinados — e os critérios que cumprem enquanto grupo de risco — não for divulgada.
A medida visa barrar novas pessoas de furarem a fila da vacinação, e a publicação da relação de vacinados deve ser feita diariamente. Foi determinada uma auditoria para identificar os fura-filas.
O ministro da Saúde Eduardo Pazuello está acompanhando a situação de perto em Manaus. Apesar de admitir a aceleração de casos e mortes na região, ele declarou que o atual cenário é fruto de "gargalos de décadas" e deficiência na atenção básica, e que se trata de um avanço inesperado da covid-19.
''Foi completamente desconhecida para todo mundo."
Eduardo Pazuello, ministro da Saúde, sobre aceleração da covid-19 no Amazonas.
Diretor-geral da OMS (Organização Mundial de Saúde), Tedros Adhanom lamentou o fato de muitos países não terem adotado ações urgentes para conter a pandemia de covid-19 quando, há um ano, a entidade declarou emergência internacional.
''Há um ano, disse que o mundo tinha a oportunidade de impedir a propagação deste novo vírus, e alguns ouviram, mas outros, não."
Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS.