A nova mutação do coronavírus, que pode ser até 70% mais transmissível do que a anterior, não é motivo de pânico, afirma o vice-diretor de Pesquisa da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) na Amazônia, Felipe Gomes Naveca. Em entrevista hoje para a GloboNews, o especialista diz que é preciso aprofundar os estudos.
"Não é motivo de pânico, e sim para ficarmos mais alertas. Os próprios pesquisadores [do Reino Unido] comentaram que não dá para ter certeza absoluta de que a mutação tem essa vantagem evolutiva [de se espalhar mais rapidamente] ou se é uma coincidência com o comportamento social das pessoas, que relaxaram o distanciamento", ponderou.
No último dia 14, o Reino Unido anunciou a descoberta de uma nova linhagem do coronavírus —ainda não há evidências de que a mutação é mais agressiva ou letal para humanos nem que as atuais vacinas perdem eficiência em relação à nova cepa.
Cerca de 60% dos casos recentes detectados no Reino Unido foram gerados pelo vírus modificado. Para evitar que a nova cepa circule, países como a França, Itália, Áustria, Bélgica, Alemanha, Irlanda e Portugal suspenderam voos e conexões de trem com o Reino Unido. No Brasil, os voos internacionais vindos do país ainda não foram suspensos.
Segundo o vice-diretor da Fiocruz, é preciso aprofundar pesquisas para confirmar a facilidade da nova linhagem em se espalhar. "A variante mostrou mutações na proteína spike, que faz a primeira interação com a célula. A partir dessa interação, [o coronavírus] consegue entrar na célula. Então, se eu tenho uma proteína que consegue interagir melhor com a célula humana, esse vírus tem maior facilidade de se espalhar. Isso é potencialmente importante".
Até o momento, casos da nova cepa do coronavírus foram registrados no Reino Unido, Islândia, Itália, Holanda e Dinamarca, segundo a epidemiologista da OMS, Maria Van Kerkhove.