O general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo de Jair Bolsonaro (sem partido), voltou a fazer duras críticas ao governo. Em entrevista à Globonews, ele afirmou que a eleição de Bolsonaro representava a esperança de um novo ciclo e de "uma nova maneira de fazer política", mas que "o que se assistiu foi a chegada de um pequeno grupo de extremistas, que passaram a utilizar as piores práticas possíveis".

"(Você tem) esse pequeno grupo aprofundando a divisão da sociedade para manipular a sociedade brasileira. Você tem o ataque às pessoas e não às ideias. Você tem a destruição de reputações", afirmou. 

Santos Cruz também criticou a atuação do governo no combate à pandemia de coronavírus. 

"O governo, desde o início da pandemia, não soube administrar a situação", afirmou. "É uma crise que, desde o início, se caracterizou por xingamento e cloroquina. Politização de medicamento, isso não tem cabimento.".


General diz que fala de Bolsonaro sobre EUA foi "fanfarronice"


O general também chamou de "fanfarronice" e "devaneio" a fala do presidente Jair Bolsonaro após a eleição de Joe Biden nos EUA, quando afirmou que, se acabasse a saliva, "tem que ter pólvora", ao se referir às possíveis conversas sobre a preservação da Amazônia com o presidente eleito norte-americano.

Santos Cruz também disse ser negativa a grande presença de militares, na reserva e na ativa, em cargos do alto escalão do governo, porque isso causa na população a percepção de que há um vínculo institucional entre as forças armadas e o governo, ainda que não haja, segundo ele. 

Ele também classificou como "completamente absurda" qualquer ideia de intervenção militar ou a possibilidade de que as forças armadas exerçam um papel de poder moderador no Estado. "O poder moderador no Brasil é nossa Constituição, não as forças armadas", afirmou na entrevista. 


Futuro na política em aberto 


Santos Cruz ainda deixou em aberto um possível apoio ao ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro, caso ele seja candidato nas eleições de 2022. O general elogiou o ex-colega, dizendo que ficará marcado na história do país.

"Eu acho que ele (Moro) é uma personalidade que, sem dúvida, nenhuma trouxe esperança e pode representar uma corrente forte na próxima eleição.".

O ex-ministro da Secretaria de Governo deixou ainda aberta a possibilidade dele próprio concorrer a um cargo nas próximas eleições, apesar de dizer que não se entusiasma com a ideia, no momento.