O presidente Jair Bolsonaro usou a suspensão pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) dos testes da vacina Coronavac para, mais uma vez, atacar o governador de São Paulo, João Doria (PSDB-SP). Hoje, o presidente citou sua rixa com o tucano por causa da vacina e escreveu no Facebook que "ganhou mais uma".
O imunizante contra a covid-19 é desenvolvido pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo, e a Anvisa suspendeu ontem seus testes clínicos após um "evento adverso grave" registrado no dia 29 de outubro. A agência não disse qual foi o problema relatado, mas listou que entre possíveis "eventos graves" estão reações sérias, morte, anomalia e internações prolongadas.
Na manhã de hoje, Bolsonaro listou ações de seu governo no combate à covid-19. Um usuário, então, perguntou se o Brasil poderia comprar e produzir a vacina. Em resposta, o presidente citou três dos efeitos listados hipoteticamente pela Anvisa e ainda recordou uma de suas desavenças com Doria, sobre a obrigatoriedade ou não dos imunizantes.
A suspensão dos testes é uma prática comum para esclarecimentos quando um efeito adverso grave é detectado. Outros testes de vacinas contra o coronavírus, como a desenvolvida em parceria entre a Universidade de Oxford e o laboratório sueco Astrozeneca, também já passaram por breves interrupções por eventos similares e foram retomados.
Na nota emitida na noite de ontem, a Anvisa citou todos os efeitos adversos graves previstos para a interrupção dos testes, mas não especificou qual foi verificado no caso em questão. Só uma investigação médica indicará se existe alguma relação com o imunizante.
O diretor do instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou tratar-se de um óbito sem qualquer relação com os testes do imunizante.
Briga com Doria
Com o comentário, Jair Bolsonaro retoma o embate que tem travado com Doria desde o início da pandemia. O presidente tem tratado a Coronavac como "vacina chinesa do Doria" e recentemente cancelou uma parceria firmada entre o Ministério da Saúde o Governo de São Paulo para a aquisição do imunizante.
Outro ponto de atrito é a obrigatoriedade da vacina. Doria se mostrou favorável à possibilidade no Estado de São Paulo, o que tem gerado críticas constantes de Jair Bolsonaro e seus seguidores.
Em outra resposta a um internauta, que sugeria que o presidente se vacinasse como cobaia de vacinas, Bolsonaro voltou ao tema: "quem a quer obrigatória não sou eu. Estás na página errada. Bom dia".